"A RAZÃO NÃO ADERE
AO ERRO TOTAL"
(CARTA ABERTA DE DESAGRAVO FACE AO REPUGNANTE TEXTO DE REINALDO AZEVEDO PUBLICADO NO BLOG DA VEJA, EM 28/04/2015)
"Não respondas ao tolo segundo a sua estultícia;
para que também não te faças semelhante a ele. Responde ao tolo segundo a sua
estultícia, para que não seja sábio aos seus próprios olhos."
Provérbios 26:4-5
Provérbios 26:4-5
O
sábio poeta hebreu dá um conselho ambíguo.
Devemos ou não responder ao tolo? Há na resposta um risco intrínseco. A
arena de debate do tolo situa-se no campo da irracionalidade, da ignorância, da
vaidade e, por vezes, do ódio. Posta-se o tolo em sítio distante da
razoabilidade, do bom senso, da ponderação. Então, o conselho: não desça a essa
arena jamais. Logo, não responda ao tolo segundo a sua estultícia. Mas, em
aparente contradição, ensina o sábio: não deixe o tolo sem resposta para que
não passe por sábio. Considerado esse paradoxo, é que externo publicamente meu mais
veemente repúdio ao que o Sr. Reinaldo Azevedo escreveu em sua lastimável
coluna, no blog da Revista Veja, intitulado "Esta vai para o Senado".
O senhor Reinaldo Azevedo que, nada
lê muito além de orelhas de livros, busca ávido entre escritos jurídicos, algum
texto que lhe sirva de pretexto para atacar a indicação do professor Luiz Edson
Fachin ao Supremo Tribunal Federal. Este pretenso jornalista valeu-se de um
livro de minha autoria, resultado de tese de doutorado defendida no Programa de
Pós-Graduação em Direito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ, para
tentar agredir e infamar a imagem do professor Fachin.
Somente quem não leu o livro, como
Reinaldo Azevedo, é que pode fazer a absurda assertiva de que há, na tese, uma
defesa da poligamia e, concomitantemente, um ataque à família formada pelo
casamento. O autor não subscreve esse disparate e, muito menos, o ilustre
professor que prefaciou o livro. O "blogueiro"
da revista Veja promoveu distorção rasteira e fraudulenta de um complexo tema,
que remonta às raízes da formação do Brasil e guarda estreita relação com a
dominação masculina.
Trata-se de um ataque desleal,
covarde, oportunista. O que lastimo profundamente é que uma pessoa como essa,
que tem coragem de lançar mão de tão sórdida mentira, seja albergado por uma
Revista que se pretende formadora de opinião. Lamento, que tantos desavisados
leiam estas postagens de textos desqualificados, tomando-os como expressão de
verdade.
Ah! Se conhecessem quem é Luiz Edson
Fachin e o que a sua obra e atuação jurídica significam para o Direito, no
Brasil. É lamentável que sua indicação
ao Supremo Tribunal Federal tenha ocorrido neste momento em que a
irracionalidade, patrocinada por alguns veículos de comunicação de massa, vem tomando
vulto e se verifica um notável esvaziamento do verdadeiro debate político.
Evoco, contudo, as sábias palavras
de Dom Hélder Câmara, que sempre me serviram de alento quando vejo avolumar a
barbárie, a brutalidade e, às vezes, a bestialidade. Ensinava o sábio Bispo de
Olinda: "A razão não adere ao erro total". Tenho viva esperança de
que o Senado Federal não há de deixar-se conduzir pela fúria dos tolos. A luz
da razão há de prevalecer.
Marcos Alves da Silva
Professor de Direito
Civil
Advogado
Pastor Presbiteriano
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